Conheça Tochigi

Parte de um seleto grupo de 8 províncias que não têm acesso ao mar, Tochigi é conhecida nacionalmente por ser o lar do Toshogu, um dos mais exuberantes santuários xintoístas de todo o país, dedicado a Tokugawa Ieyasu, o xogum que entrou para a história como unificador e pacificador do Japão. Acontece que a província vai muito além disso. As localidades de montanha, por suas temperaturas mais amenas, são populares refúgios de verão, em especial para a população que vive em Tóquio. Nessas mesmas áreas, o outono exibe suas cores de forma intensa e ostensiva, criando paisagens instabae, ou seja, merecedoras de compartilhamento no Instagram.  Além, é claro, da primavera onde as flores nascem selvagens e em jardins super bem cuidados como o Ashikaga Flower Park. Isso tudo sem contar com a gastronomia! Com uma larga variação climática ao longo do ano e das diversas áreas da província, Tochigi é conhecida também pela produção agrícola e pelos pratos com carne de caça. Dos morangos plantados nas encostas e vales até o gyoza de Utsunomiya, sempre na lista dos melhores do Japão, a província é um paraíso para quem curte comer bem. Neste blog vamos te deixar com dicas imperdíveis para curtir Tochigi ao longo do ano. Confira!

Sagrado Onsen

Durante suas viagens pelas montanhas de Nikko, o monge fundador Shodo Shonin fez diversas descobertas. Uma delas foi uma fonte de águas termais na localidade hoje conhecida como Yunomoto Onsen, às margens do Lago Yunoko, um tributário do Lago Chuzenji. Foi ali que ele tirou um merecido descanso e cuidou da fadiga, tomando banho nas águas termais e adorando Yakushi Nyorai, o buda das curas e da medicina.

Passado o tempo, o local passou a ser tratado como um espaço sagrado e recebeu um templo que hoje é chamado de Onsenji, algo que pode ser entendido como “Templo das Águas Termais”. O local foi ficando tão popular como espaço de cura que, já no Período Edo, era preciso receber autorização do monge-chefe do Templo Chuzenji e o administrador de Nikko para entrar em suas águas termais. Atualmente, porém, o acesso é mais simples e a visita é possível a qualquer pessoa, entre o final de abril e o final de novembro de cada ano. Raramente se vê muito movimento nos pequenos banhos (¥500/1 hora de uso) de madeira do local, um para homens e outro para mulheres. O pequeno templo é também uma joia que costuma ficar aberta à visitação. Além disso, os mais iniciados podem solicitar uma experiência de shakyo (¥1000), a cópia dos sutras.

 Não deixe de visitar, também, a área ao redor do templo. Trata-se de um descampado que lembra um pequeno pântano, só que de fontes de águas termais. Servido por pontes de madeira, o espaço aberto e tranquilo é repleto de casinhas que são as fontes de onde os ryokan da região extraem as águas usadas em seus banhos. Ainda que esses brotos d’água sejam protegidos e não possam ser vistos, em todo o local é possível ver borbulhas de água quentinha brotando do chão. É a força da natureza que também pode se expressar de formas bem delicadas.

Em Yumoto, as fontes das águas termais também dão um espetáculo

Yunishigawa Onsen – Heike no Sato

Tochigi-ken Nikko-shi Yunishigawa Onsen 1042

栃木県日光市湯西川温泉1042

tel: 0288-98-0126

www.heikenosato.com

 Onsenji

Tochigi-ken Nikko-shi Yumoto 2559

栃木県日光市湯元2559

tel: 0288-55-0013

www.rinnoji.or.jp/temple/onsenji/

Tochigi sagrado onsen

 

PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

Destino mais popular da província, Nikko é lar de construções que são Patrimônio da Humanidade

Já no século 8, Nikko entra no mapa de espaços sagrados do Japão pelas mãos de Shodo Shonin, um monge que dedicou a vida a estudar e vivenciar o budismo. Como resultado de suas práticas ascéticas, Shodo explorou as montanhas da então província de Shimotsuke, dentre elas os montes Nyoho e Nantai e no sopé deste último fundou, em 766, seu primeiro templo, o Shihonryu, hoje conhecido como Rinnoji. No ano seguinte, seria a vez do Santuário Futarasan, vizinho do templo anterior. Naquela época, budismo e xintoísmo eram praticados simultaneamente e não havia separação formal entre as duas religiões. Mas o objetivo de Shodo Shonin era chegar ao topo da montanha e chegar na região onde fica o Lago Chuzenji, feito que levaria quase 20 anos para ser alcançado. Em 784, o monge funda o templo que dá nome ao lago, além de inúmeras outras capelas e construções.

TOCHIGI

Quando a localidade foi escolhida para acolher o mausoléu do Tokugawa Ieyasu, o xogum que unificou o Japão e iniciou o chamado Período Edo, já era uma bem estabelecida montanha sagrada. Com a construção, em 1671, do Toshogu, completa-se o conjunto de três complexos religiosos — Templo Rinnoji, Santuário Nikko Futarasan e Santuário Nikko Toshogu — tombados em 1999 como Patrimônio da Humanidade sob o título de Templos e Santuários de Nikko. De arquitetura excepcional, os locais contam ainda a seu favor com a exuberância da natureza que os circundam. As construções atraem dezenas de milhares de turistas todos os anos, que podem admirar os quase 400 anos de história da Ponte Shinkyo no caminho rumo a um dos mais importantes espaços de adoração do Japão. Parte do Rinnoji, o Taiyu-in é o mausoléu de outro membro do clã Tokugawa, Iemitsu.

Mais antigo dos três espaços tombados, o Rinnoji tem como destaque o Sanbutsu-do (¥400), o principal prédio do templo budista. Datada de 1645, a construção foi erguida sob as ordens do neto de Tokugawa Ieyasu, Iemitsu, e está tinindo de novo depois de um longo processo de restauração. Considerado a maior estrutura de madeira do leste do Japão, o salão abriga três imagens de 7,5 metros de altura e alto valor histórico e religioso. São estátuas folheadas a ouro de Amida (o Buda Celestial), de Senju Kannon (a Deusa da Misericórdia com uma centena de braços) e de Bato Kannon, que tem a cabeça de um cavalo. As divindades são consideradas manifestações budistas dos três kami a quem é consagrado o vizinho Santuário Futarasan. Quem se interessa por arte sacra não pode deixar de visitar também o Homutsu-den (¥300), uma espécie de museu com pinturas, esculturas, obras de caligrafia e outros itens de importante valor histórico e cultural.

Também no espaço do Rinnoji fica o Taiyu-in Reibyo (¥550 ou ¥900, preço promocional que inclui o Sanbutsu-do), o mausoléu de Tokugawa Iemitsu que, apesar de ser um santuário xintoísta, é administrado pelo templo budista. Descrito como “uma obra de arte da arquitetura e da decoração” pelo comitê que designa os Patrimônios da Humanidade, o espaço dá uma ideia do que o visitante vai encontrar no vizinho Toshogu.

Descanso Eterno

Um dos mais belos santuários do Japão, o Toshogu é a morada eterna do xogum Tokugawa Ieyasu. Sem sombra de dúvidas, a construção mais conhecida — e simbólica — de Nikko é o Toshogu, um santuário xintoísta cuja primeira construção data de 1617, no ano seguinte da morte de Tokugawa Ieyasu, a quem o local é consagrado. Mas a magnificência que pode ser vista até os dias de hoje foi uma herança de seu neto, Iemitsu, que não somente criou um vasto santuário para o avô como, também, estimulou sua adoração através de procissões que começavam ainda em Edo, a atual Tóquio, e passavam pela Nikko Kaido e pela Alameda dos Cedros, considerada hoje a mais extensa avenida arborizada com seus 35,41 quilômetros de extensão. Cerca de 200 mil pés desta que é a árvore nacional do Japão foram plantados na época da construção do santuário, dos quais cerca de 13 mil sobreviveram ao desmate que aconteceu nos anos que antecederam o Período Meiji e após.

Antes da passagem pelo primeiro portal, é possível ver um dos destaques da construção, uma pagoda com cinco andares, cada um deles representando um dos elementos: terra, água, ar, fogo e éter, de baixo para cima. A construção original foi doada por um daimyô, senhor feudal, em 1650. Porém, um incêndio a destruiu em 1815 e sua reconstrução foi inaugurada três anos depois. Visitar a pagoda é possível em algumas épocas do ano por um valor extra. A pagoda é somente uma das inúmeras surpresas do Toshogu

Logo após a pagoda, passando o portal, começa a área paga do santuário (¥1300). Não se assuste com o preço. A visita vale cada centavo. Os primeiros prédios que podem ser vistos são chamados coletivamente de Sanjinko. Trata-se de três armazéns ricamente decorados com trabalhos de talho em madeira, incluindo os chamados Elefantes Imaginários, do escultor Kano Tanyu que nunca viu um elefante de verdade para realizar a obra. O local é usado hoje para guardar os ornamentos usados nos festivais de primavera e outono do santuário.

Na frente do Sanjinko, fica o Santo Estábulo. Neste prédio ficam as esculturas mais famosas do Toshogu, os Três Macacos Sábios, aqueles que “não veem, não falam e não ouvem coisas más”. Estas e outras imagens de macacos representam aspectos da vida cotidiana e diz-se que funcionavam como uma espécie de instrução, em especial para crianças e jovens. Três macacos sábios, uma das esculturas mais conhecidas do Toshogu.

Depois do lavatório, fica uma escada que leva ao Yomeimon, um dos mais decorados portais de santuário do Japão. A construção ganhou a alcunha de Portal do Pôr do Sol porque se dizia que era possível passar o dia todo admirando seus inúmeros entalhes, até o sol se pôr, sem se cansar. São cerca de 500 esculturas mostrando cenas do dia a dia, anedotas, crianças brincando, homens sábios e outros personagens.

O Gohonsha é o prédio principal do santuário e, ao contrário do que ocorre na maioria dos locais semelhantes, é possível visitá-lo por dentro. Não é raro que algum ritual seja realizado no horário da visita e a participação dos visitantes costuma ser permitida.

Seguindo na direção do mausoléu de Tokugawa Ieyasu, o visitante deve passar por um portal onde se pode ver o Nemurineko, um entalhe de um gato se banhando na luz do sol (origem do nome Nikko), cercado de peônias. A imagem do mestre Hidari Jingorou é uma das mais conhecidas do santuário, mas é fácil passar batida. Quando você entrar no portal vindo do Gohonsha, olhe para cima. É provável que a maioria dos visitantes esteja fazendo a mesma coisa.

Seguindo pelas escadas, são cerca de 5 minutos até o local onde fica a tumba do xogum. Cercada de verde, a área é tranquila e convida à reflexão. Ao descer, não deixe de visitar também o Honji-do, um salão secundário onde fica o chamado Pranto do Dragão. Na parte interna, pode-se notar um enorme dragão desenhado no teto do salão. Monges usam duas placas de madeira para produzir um som que, por conta da acústica da sala, remete ao choro do animal lendário. Interessante.

Santuário das Montanhas

Entrada do Santuário Futarasan, dedicado às montanhas de Nikko

Fechando o ciclo dos três complexos na lista de Patrimônios da Humanidade está o Santuário Futarasan, fundado em 782 também por Shodo Shonin, o mesmo que erigiu o Rinnoji. É este o espaço consagrado às três divindades representadas no templo budista: Okunininushi (o pai), Tagorihime (a mãe) e Ajisukitakahikone (o filho). Ambos também são representados na paisagem de Nikko pelos Montes Nantai, Nyoho e Taro.

A adoração das três montanhas é um vestígio da relação do xintoísmo com a natureza. O pico do Nantai, a maior das montanhas e fonte de água para a população que vive nas partes mais baixas, é considerado o go-shintai do santuário, ou seja, uma referência sagrada de vida e fertilidade, marcada por uma pequena construção em seu topo. Outro pedaço do santuário fica às margens do Lago Chuzenji e marca a entrada da rota para o alto da montanha. Se seu objetivo é subir, reserve um dia inteiro para esse passeio. Do início da trilha são mais 1200 metros de subida íngreme, em rota bem pedregosa, não adequada para pessoas sem experiência com montanhas.

Quem visita a área do Chuzenji não pode deixar de ver a Cachoeira Kegon, uma queda d’água que se inicia no lago e desce por 100 metros, formando uma bela vista. Além de ver a cachoeira de perto (¥550), é possível apreciá-la do alto de Akechidaira, um platô que permite uma visão de tirar o fôlego incluindo o lago, a Kegon e as montanhas da região. O local só é acessível pela Irohazaka, uma rodovia que liga a área do Patrimônio da Humanidade à Oku-nikko, onde fica o Lago Chuzenji. A estrada é dividida em dois segmentos que correm em partes distintas da montanha. Por isso, só consegue ter acesso à Akechidaira os carros que seguem na direção Nikko – Oku-nikko. Da base do platô, é preciso subir no teleférico (¥730, ida e volta) para ter acesso à vista. Vale muito a pena em qualquer estação mas, no outono, o koyo (a caducagem das folhas das árvores decíduas) deixa tudo muito mais lindo.

O teleférico de Akechidaira leva a uma das mais belas vistas do Lago Chuzenji

Chuzenjiko,jpg

Do alto do Akechidaira, a vista do Lago Chuzenji e da Cachoeira Kegon

TOCHIGI – PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

Nikko-san Rinnoji

Tochigi-ken Nikko-shi Sannai 2300

栃木県日光市山内2300

www.rinnoji.or.jp

Nikko Toshogu

Tochigi-ken Nikko-shi Sannai 2301

栃木県日光市山内2301

www.toshogu.jp

Santuário Futarasan

Tochigi-ken Nikko-shi Sannai 2307

栃木県日光市山内2307

Elevador para a Cachoeira Kegon

Tochigi-ken Nikko-shi Chugushi 321-1661

栃木県日光市中宮祠321-1661

Teleférico de Akechidaira

Tochigi-ken Nikko-shi Hosoomachi 709-5

栃木県日光市細尾町709-5

tel.: 0288-55-0331

www.nikko-kotsu.co.jp/ropeway/

FLORES EM VOCÊ

Parque em Ashikaga tem flores e outras atrações o ano todo!

Se as cerejeiras são, definitivamente, as rainhas da primavera, o posto de princesa está em aberto. Há os que prefiram as ameixeiras ou os pessegueiros, antecessores da sakura na ordem de floração. Mas não é preciso dizer que as glicínias também estão no páreo. As flores de cor lilás estão entre as prediletas em parques de flores do país, em especial pelo efeito cachoeira que as árvores criam quando floridas.

Fica em Ashikaga, bem na divisa com a província de Gunma, um dos locais mais populares do Japão para a apreciação das glicínias, o Ashikaga Flower Park. Adornado com centenas de árvores floríferas, o destaque fica, sem dúvida, para a glicínia roxa de mais de 150 anos que ocupa uma área equivalente a 600 tatami, cerca de 1000 metros quadrados. Além disso, um túnel de 80 metros de comprimento com glicínias brancas costuma encantar os visitantes. Sem contar, ainda, com as diversas outras espécies e com a iluminação noturna, um conjunto de atrações que mereceu até destaque na emissora norte-americana CNN dentre as 10 atrações turísticas do mundo a serem visitadas.

 

TOCHIGI – FLORES EM VOCÊ

Fique de olho nas épocas de floração de cada espécie. O parque tem atrações o ano todo, inclusive no inverno quando as flores dão lugar a um espetáculo de luzes. Mas não deixe de checar a página do local antes de fazer a sua visita.

Ashikaga Flower Park

Tochigi-ken Ashikaga-shi Hasamacho 607

栃木県足利市迫間町607

tel: 0284-91-4939

www.ashikaga.co.jp

Conteúdo cedido por JPGuide

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