Conheça Ibaraki

Localizada ao norte de Tóquio, Ibaraki é a “última fronteira” de Kanto, a região mais populosa do Japão, centro econômico e político do país. Espremida entre o mar e a montanha, a província tem forte influência da capital nacional, mas também guarda uma certa brejeirice interiorana, que a aproxima da região vizinha de Tohoku. No interior, cidades montanhosas abrigaram castelos e residências de antigos senhores feudais e desenvolveram uma economia baseada na agricultura e no comércio local. Já o litoral é da pesca, abundante por conta do encontro de correntes marinhas que fazem o ambiente marinho local propício para diversas espécies de frutos do mar de alto valor comercial.

A proximidade com a capital também trouxe a indústria para Ibaraki. Diversas empresas importantes têm sua produção em algumas cidades da província, o que também acabou atraindo uma população brasileira que, segundo dados de 2018, é de 5870 habitantes. Além disso, Ibaraki também abriga um dos maiores polos científicos do Japão, concentrado na cidade de Tsukuba, onde a Agência Espacial Japonesa (JAXA) é o destaque.

Veja as dicas de passeios para você conhecer melhor a província.  Elas foram divididas por cidades de acordo com os temas. Ciência, história, cultura, gastronomia e natureza são alguns dos pontos que destacamos para surpreender você. Vem com a gente!

1 – A Cidade da Ciência

Quem embarca no moderníssimo Tsukuba Express e vai se aproximando do ponto final só tem algumas pequenas dicas de que está chegando numa cidade da ciência. Uma das estações tem nome de centros de pesquisa e da janela do trem é possível ver que tem algo em Tsukuba que é diferente das paisagens interioranas japonesas de outras regiões. Lar de uma das mais importantes universidades do Japão, a Tsukuba University, a cidade é uma das mais conhecidas da província de Ibaraki. Diz-se que a escolha do local para sediar a instituição foi feita porque Tsukuba é próxima de Tóquio o suficiente para se beneficiar do acesso ao centro econômico, científico e político do país mas ao mesmo tempo, longe o bastante para que a agitada vida toquiota não sirva de distração para estudantes e pesquisadores.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Dito isso, a ideia que fica é a de que Tsukuba é uma cidade modorrenta e cheia de nerds, certo? Depende! A primeira parte da afirmação passa longe de ser verdadeira. Apesar e por causa da vocação para a ciência, Tsukuba atrai gente do mundo todo à procura de conhecimento e, claro, de um pouco de diversão. Além dos próprios pesquisadores e estudantes, a cidade recebe gente comum que só quer saber mais. Cerca de 50 instituições de pesquisa científica da cidade abrem suas portas para a visitação pública. Já quanto aos nerds… Bem, podemos dizer que boa parte das pessoas que visitam a cidade tem um pezinho na nerdice. Afinal, que tipo de pessoa sabe apreciar melhor as maravilhas da ciência? Se você é assim, pode considerar que o vírus da nerdice já te infectou. Mas afinal, o que existe em Tsukuba que atrai tanto os amantes da ciência?

Para começar, fica na cidade o principal centro de pesquisas da JAXA, a Agência Aeroespacial Japonesa, que recentemente fez notícia mundo afora ao pousar não somente uma, mas duas vezes num asteroide em movimento. É possível para o visitante leigo conhecer um pouco da história dessa agência no Tsukuba Space Center, um centro de pesquisas que ocupa uma área de 530 mil metros quadrados, cercado de natureza e em plena produção científica.

Ver os laboratórios só é possível para pesquisadores registrados, mas visitantes com fascínio pelo espaço não se decepcionarão ao conhecer o Space Dome e o Planet Cube, duas áreas voltadas para a divulgação da pesquisa espacial japonesa e de sua história. Logo na entrada do domo fica o Dream Port, um modelo em escala 1/1.000.000 que dá uma ideia, por exemplo, de onde fica posicionado um dos principais satélites de comunicação japoneses. Seguindo mais adiante, uma série de itens, originais e réplicas, ocupam o enorme galpão e contam com detalhes as aventuras e conquistas japonesas no espaço sideral, inclusive a história e as descobertas da missão Hayabusa 2, aquela que fez dois pousos no asteroide. Além disso, é possível entrar numa versão em escala real do Kibo, o módulo experimental japonês na Estação Espacial Internacional. Do lado de fora do espaço, o visitante pode ver de perto um foguete real, o H II, com cerca de 50 metros de comprimento. Toda essa área tem entrada franca e as visitas são livres.

Quem quer se aprofundar ainda mais pode reservar uma tour à Sala de Controle do Kibo e ao Centro de Treinamento de Astronautas, nos quais é possível ver certas atividades em tempo real. Na visita, dá para saber mais sobre a profissão de astronauta, com informações sobre seleção, treinamento e cuidados com a saúde. São duas visitas guiadas por dia para quem vem fora de grupos. Adultos pagam ¥500 e estudantes até o ensino médio entram de graça. O agendamento antecipado é obrigatório. Grupos com até 20 pessoas também devem solicitar reserva e o preço da visita é de ¥10 mil. Os passeios guiados são feitos em língua japonesa. Tours em língua inglesa também estão disponíveis. Porém, é preciso reservar com muita antecedência, já que são poucos horários oferecidos nesta língua.

Vendo estrelas

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Nenhuma viagem até Tsukuba fica completa sem que você visite o Expo Center da cidade, um espaço aberto em 1985 para sediar uma exposição mundial de desenvolvimento científico. O tempo passou e o prédio, que também tem um foguete que pode ser visto da estação central da cidade, continua cheio de tecnologia de ponta para ver e principalmente para explorar.

O centro abriga veículos de diversas naturezas. O KAZ é um carro elétrico de alta velocidade e 8 pneus desenvolvido pela Universidade Keio. Já o Shinkai 6500 fica no segundo andar do prédio e é um módulo de exploração submarina. O JARE, por sua vez, parece familiar já que é um removedor de neve, mas a presença dele no local se deve ao fato dele ter sido usado na Antártica. Mas o veículo de maior destaque é, sem dúvidas, o H II, foguete que visitou o espaço por cinco vezes nos anos 90.

Semelhante ao módulo de lançamento que pode ser visto no Space Center da JAXA, o foguete não é a única atração espacial do Expo Center. O local é a casa de um dos maiores planetários do mundo, com uma cúpula de quase 26 metros de diâmetro e equipamentos de projeção digital de última geração. Também vale destacar o Sun Cruiser, o simulador de uma viagem ao sol. Aliás, interação e experimentação são as palavras de ordem no Tsukuba Expo Center. Afinal, quando você vai ter a chance de mover sem a ajuda de ninguém uma pedra de 50 toneladas? Sim, esse é o Yurugi-ishi, uma obra de arte e de ciência produzida para a exposição de 1985. Num momento em que a desinformação tem feito muita gente desprezar o conhecimento científico, nada como uma visita a uma cidade que leva a produção de ciência de ponta a sério.

JAXA – Tsukuba Space Center (JAXA筑波宇宙センター)

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10 às 17 horas (o Space Dome abre às  9:30)

entrada franca (Space Dome; tour guiada para estudantes até o Ensino Médio, pessoas de até 17 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e profissionais da educação acompanhando grupos de estudantes), ¥500 (a partir dos 18 anos, em tour guiada)

reserva obrigatória para grupos acima de 10 pessoas e para a tour guiada

Tsukuba Expo Center (筑波エキスポセンター)

Ibaraki-ken Tsukuba-shi Azuma 2-9

9:50 às 17:00 (entrada permitida até 30 minutos antes do fechamento)

fechado às segundas-feiras

¥410 (adultos) e ¥210 (crianças) ou, com o planetário, ¥820 (adultos) e ¥410 (crianças)

2 – A Cidade do Natto

Ame-o ou deixe-o. Com o natto é assim, não existe meio termo. Se para quem só conhece a gastronomia japonesa fora do Japão o peixe cru é um grande tabu, quem vive no país acaba descobrindo que o buraco é muito mais embaixo. Para muitos, o fundo desse poço é o natto, uma iguaria feita com soja fermentada, com um aspecto melequento e um cheiro forte que dificilmente costumam servir como atrativos para marinheiras e marinheiros de primeira viagem. Acontece que, para os japoneses de Kanto, o natto é quase uma instituição. Não existe café da manhã tradicional sem a iguaria que pode ser temperada com mostarda, shoyu e cebolinha. Puro ou acompanhando o arroz, o fermentado está sempre presente.

Mito, bem no centro da província, é a capital de Ibaraki. A pequena cidade de pouco mais de 210 mil habitantes também é a capital nacional do natto. A história da província com a iguaria vem de séculos atrás. Acredita-se que o natto tenha surgido em algum lugar na região de Tohoku, com a qual Ibaraki faz limite, e se espalhado pela vizinhança. Naquela época, era comum transportar comida embalada em palha de arroz.

Uma das histórias diz que um grupo de soldados estava cozinhando grãos de soja quando precisou fugir às pressas de um ataque inimigo. Para não perder a escassa ração, os homens embalaram os grãos já cozidos em palha de arroz e bateram em retirada. Tempos depois, ao abrir as embalagens para comer, a soja estava grudenta. Surgia, assim, sem muitas glórias, o natto. Os soldados fujões mostraram que coragem não lhes faltava e acabaram comendo o negócio assim mesmo. Eis que acharam bom e os homens acabaram por espalhar a receita. Isso deve ter acontecido no Período Heian, há mais de mil anos. Atualmente, sabe-se que os soldados fizeram bem em comer a iguaria. O natto é uma comida super nutritiva, contendo vitaminas, minerais como o ferro, fibras e outros daqueles itens indispensáveis para uma vida guerreira.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

A fermentação da soja para o preparo do natto é feita por uma bactéria chamada Bacillus subtilis natto. Carinhosamente chamado pelos japoneses de natto-kin, o micróbio gosta de viver na palha do arroz, facílimo de encontrar num país onde o cereal é a base da alimentação. Os antigos só tiveram que guardar a soja cozida nas palhas que sobravam da colheita do arroz e deixar a natureza trabalhar. Essa era a maneira de produzir o natto no passado. Hoje em dia, com a produção de massa, a bactéria é inserida já nas embalagens de isopor. Mas basta ir até Mito para ver o modo de produção tradicional da iguaria

Na estação central da cidade já dá para perceber que o natto é muito importante para os locais. O wara natto, a iguaria produzida na palha do arroz, pode ser comprado mesmo sem  sair da estação. Em frente à parada ferroviária, uma estátua do wara natto mostra mesmo que os mitoenses levam a iguaria à sério. O sucesso do natto de Mito começou no ano de 1900, quando a linha ferroviária Joban chegou à cidade, vinda de Tóquio. Na época, os visitantes eram apresentados ao wara natto já nas plataformas e não demorou muito para que o produto local fosse considerado de alta qualidade, diferente daquele consumido na capital do país. Ainda hoje o nome de Mito é ligado ao wara natto, algo que traz orgulho aos moradores da cidade.

Para conhecer de perto a produção tradicional de natto na cidade visite o Mito Tengu Natto Museum que fica a cerca de 400 metros da estação central. O espaço é administrado pela fábrica de mesmo nome que até os dias de hoje produz natto da forma mais tradicional, ou seja, na palha de arroz. No museu, é possível saber mais sobre a história do wara natto e os detalhes de sua produção, do passado até os dias de hoje. O espaço de exposição fica ao lado da fábrica, separado apenas por paredes de vidro. Isso quer dizer que é possível ver o pessoal trabalhando na iguaria. Quem sabe era uma oportunidade dessas que estava faltando para você incluir o natto na sua dieta?

====== BOX/DESTAQUE ===== 納豆と同じ枕に寝る夜かな

nattô to onaji makura ni neru yo kana

O nattô compartilha

o travesseiro comigo

Que noite de sono!

O poeta Issa (1763-1827) cantou o natto em diversos haiku. Neste, o autor mostra a importância da iguaria na dieta de sua época. =========

Tengu Natto Museum (納豆展示館)

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9:00 às 17:30 – entrada franca

 

3- A Cidade das Bonecas

Todo mês de março, o Japão inteiro é inundado com belos altares vermelhos onde se alinham bonecas que representam a corte imperial do Período Heian. Chamado de Hina Matsuri, o festival existe para celebrar as meninas da família e pedir por sua saúde e felicidade. Diversos locais em Ibaraki organizam programação especial para a época, mas nenhum se tornou tão conhecido quanto Makabe, atualmente um distrito da cidade de Sakuragawa.

Até bem pouco tempo atrás, a pequena Makabe era um município independente com um título curioso: cidade da pedra. Isso porque, há pelo menos 500 anos, os artesãos da cidade vêm se especializando na produção de belas lanternas de pedra, chamadas em japonês de ishidoro. Essas lanternas costumam ornamentar templos e santuários, além de jardins tradicionais. Desde o Período Meiji, o ishidoro de Makabe é apreciado como símbolo de refinamento e delicadeza.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Aliás, esses adjetivos poderiam muito bem se aplicar às antigas residências do local. Antes, uma cidade criada no entorno de um castelo, Makabe hoje brilha com cerca de 300 construções datadas dos Períodos Edo, Meiji e Taisho. Noventa e nove desses prédios são tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional. Dentre eles, está a Livraria Kawashima que servia como farmácia durante o Período Edo. Outra construção de destaque é a fábrica de saquê Nishioka, com seus 230 anos de história.

Cenário como este não poderia ser mais propício para as comemorações do Hina Matsuri. Em Makabe, elas começam no início de fevereiro e duram até o início de março, culminando no dia 3, data oficial do Hina. Apesar do sucesso, tudo começou há pouco mais de uma década. Naquela ocasião, cerca de 20 famílias abriram suas casas, tiraram suas coleções de bonecas das caixas e mostraram para os visitantes durante o mês da festividade. A adesão da comunidade foi imediata e, hoje, são cerca de 160 expositores, entre negócios e residências particulares, com bonecas hina de diversos formatos e materiais, algumas delas com séculos de história. Não podiam faltar, claro, as personagens hina feitas de pedra, material que deu nome à Makabe por muitos anos e, agora, ajuda a transformar a localidade na cidade das bonecas.

Festival Hina de Makabe (真壁ひな祭り)

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início de fevereiro até o início de março, com culminância no dia 3

transporte especial é oferecido a partir das estações de Tsukuba e Iwase durante o festival

entrada franca 

4- A Cidade das Carpas

Hitachiota, quase no litoral de Ibaraki, produz uma grandiosa exposição de carpas suspensas na Ponte Ryujin, considerada a maior passarela de ferro do Japão. Cerca de mil carpas são penduradas paralelas à ponte, cruzando o desfiladeiro, da última semana de abril até o meado de março.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Ornamento comum no antigo Dia dos Meninos (5 de maio), as carpas são as estrelas de uma lenda que conta que a espécie, ao nadar contra a corrente, se torna um dragão no final da jornada. No passado, esse tipo de jornada heroica era visto como coisa de garoto e, por isso, as famílias suspendiam carpas somente para os filhos homens.  Atualmente, cada uma das crianças da família ganha destaque e as orações são feitas para que meninos e meninas se tornem fortes como os dragões da lenda. Em Hitachi-ota, esse desejo é representado por carpas gigantes e multicoloridas que balançam ao sabor do vento no desfiladeiro. Poético!

Festival das Carpas do Desfiladeiro de Ryujin (竜神峡鯉のぼり祭り)

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final de abril até a segunda semana de maio

entrada franca

 

5 – A Cidade das Flores

Um dos lugares mais instagramáveis do Japão, o Hitachi Seaside Park é um parque público de 190 hectares na cidade de Hitachinaka no litoral da província de Ibaraki. Antes um aeroporto militar, o espaço foi ocupado pelas forças americanas no final da Segunda Guerra Mundial e utilizado como área de treinamento balístico. Com as mortes e acidentes ocorridos no local, os moradores se organizaram para solicitar o fim do uso militar do terreno, o que acabou ocorrendo em março de 1973, quando os americanos devolveram a área ao governo japonês. A partir daí, se decidiu pela criação de um parque coberto de flores, uma espécie de oração em prol da paz.

Geologicamente falando, o parque fica em cima de uma área de dunas depositadas ao longo dos milênios pelo Rio Kuji, que desemboca por ali, no Mar de Kashima, que nada mais é que o próprio Oceano Pacífico. Essa areia, deslocada pelos ventos abundantes, acabou se formando as diversas colinas da área que hoje abriga o parque. Por conta das correntes quentes e frias que se alternam ao longo do ano, espécies vegetais comuns no norte e no sul do planeta conseguem vingar na região, criando paisagens diferentes ao longo do ano.

 

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Colinas cobertas de um tapete azul são a imagem mais icônica do Hitachi Seaside Park. Do meado do mês de abril até o início de maio, 4,5 milhões de nemófilas florescem em Miharashi no Oka, atraindo, sem exagero, visitantes de várias partes do planeta. Chamadas em japonês de rurikarakusa, essas plantas são originárias da América do Norte e ocupam 3,5 hectares do parque. Elas chegam a 20 centímetros de altura e suas flores delicadas têm até 3 centímetros de diâmetro. Flores coadjuvantes na maioria dos jardins em seu local de origem, as nemófilas são as grandes estrelas na primavera do Hitachi Sea Side Park.

A partir de julho, o protagonismo muda e as Bassia scoparia começam a verdejar. Chamadas de kochia em japonês e mirabela em português, as plantas passam todo o verão com essa coloração. Até que, na entrada do outono, elas começam a mudar de cor. No meado de outubro, os quase 2 hectares dedicados a essa planta nativa do continente eurasiático ficam pintados de vermelho escarlate, um espetáculo que mobiliza milhares de visitantes de volta à Colina Mirahashi. Encontrada também no Japão onde é chamada de houkigusa, a mirabela produz nozes conhecidas pelos japoneses como tonburi. Elas são comestíveis e, na província de Akita, são chamadas de “caviar dos campos”. No parque, no entanto, não é permitido comer os tonburi.

Além das duas maiores estrelas, outras flores podem ser vistas no parque ao longo do ano. Mesmo no inverno, a época mais seca, uma espécie de tulipa pode ser apreciada por lá. Mas é a partir de fevereiro que o local começa a ficar colorido, com o florescer das ameixas. Em seguida, março e abril adentro, abrem os narcisos, a colza, as rosas, as tulipas e outras. O calendário anual das flores pode ser conferido no site do local (hitachikaihin.jp).

Porém, não é só de colorido que vive o Hitachi Seaside Park. Para as crianças, espaços como o Tamago no Mori Garden garantem a diversão. Ali, existe um trampolim que é capaz de drenar a energia da garotada mais agitada. Outro espaço preferido pelos pequenos é o Omoshiro Tube, um playground em forma de tubo que lembra uma montanha russa com seus 400 metros de comprimento e 19 diferentes subidas e descidas. No verão, é possível enfrentar o calor no Mizuasobi Hiroba, onde a garotada brinca em chafarizes e piscinas rasas. A enorme área pode ser percorrida por duas linhas de “trem” que circundam o local e até uma roda gigante foi instalada  para quem quer apreciar as flores de forma diferente.

Amantes de esporte também não ficarão descontentes. Duas pistas de BMX podem ser usadas pelos apaixonados por bicicross. Tanto as magrelas quanto os equipamentos protetores podem ser solicitados para empréstimo no local. Quem curte golfe pode usar uma das duas pistas disponíveis no parque, uma delas para iniciante. A cidade das flores é, também, um espaço de lazer e esportes.

Hitachi Seaside Park (ひたち海浜公園)

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9:30 às 17:00 (em alguns dias do ano, o parque abre mais cedo e fecha mais tarde)

De um modo geral, o parque fecha às segundas, no ano novo e em alguns dias na primeira semana de fevereiro. Antes de visitar, consulte o calendário no site hitachikaihin.jp para saber os horários de funcionamento.

¥450 (adultos e estudantes do Ensino Médio), ¥210 (a partir dos 65 anos); tíquetes para dois dias e passe anual também estão disponíveis

6- A Cidade do Peixe Feio

Beleza põe mesa no prato dos japoneses, isso já sabemos. Até o bentô mais ordinário do supermercado costuma ser muito bem apresentado. Em outras palavras, no Japão o pessoal sabe comer com os olhos. Se a beleza é regra para os pratos, o mesmo não pode se dizer para os ingredientes. Assim fosse, seria difícil que alguém se deixasse seduzir pela aparência do anko, conhecido em português como tamboril, uma das criaturas mais feiosas que o mar pôde produzir. Não é à toa que o peixe vive a profundidades entre 100 e 400 metros. Sua boca e suas barbatanas são enormes! Os dentes afiados e as mandíbulas grandes assustam até mesmo os pescadores. Além disso, o animal é viscoso e seu corpo parece mais uma gelatina. Alguém aqui lembrou do natto? Pode-se dizer que o tamboril é um natto em forma de peixe.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Na cidade de Kita-ibaraki, porém, tanta feiura gera riqueza. Hirakata é um dos portos pesqueiros mais movimentados da região e aqui costuma chegar o ki-anko, o tamboril amarelo, uma espécie que chega a ter 1,5 metro de comprimento e o peso de 30 quilos. Pescado basicamente no inverno, o peixe é uma iguaria disputada na estação. Parte da produção local é enviada para os mercados de todo o país e até do exterior por preços que só não são mais assustadores que a aparência do tamboril.

Um dos pratos feito com o feioso é o dobu jiru, um cozidão que leva a carne, os ossos, a pele, os ovários e o fígado do bicho junto com alho-poró, rabanete daikon e pasta de soja missô. O delicioso prato é, literalmente, papo de pescador. Surgido em alto mar, quando eles preparavam sua refeição, o dobu jiru não leva água potável, essencial quando se está embarcado. Isso porque quase 80% do corpo pegajoso e gelatinoso do tamboril é formado pelo líquido, que vai sendo liberado durante o cozimento.

Mas a base do gosto do prato é o encorpado fígado do animal que, ao ser cozido, libera no caldo gordura e sabor. Não é à toa que chefes mundo afora chamam o fígado do tamboril de foie gras do mar. Nos restaurantes de Tóquio, o dobu jiru pode chegar a custar ¥15000. Em Ibaraki, é possível se hospedar num ryokan e comer a iguaria pelo mesmo preço. Depois de conhecer a cidade do peixe feio, tenho certeza de que você vai concordar que beleza, realmente, não põe mesa.

 

Conteúdo cedido por: JP Guide

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Conheça Osaka

Osaka – Uma Explosão de Japão

Osaka costuma confundir a cabeça de quem visita o Japão. Nem era para ser assim. Como no caso de São Paulo e do Rio de Janeiro, a palavra Osaka é usada para se referir à província (o equivalente aos estados do Brasil) e à sua capital. Província de Osaka, capital Osaka: simples assim. Tanto a província quanto a cidade são potências econômicas do Japão. Produto interno bruto provincial representa uma fatia de 4% do  PIB do país e é equivalente ao da Noruega. A cidade, por sua vez, tem um PIB equivalente ao da Nova Zelândia. E isso não vem de hoje! Historicamente, Osaka sempre aparece como uma das áreas mais vibrantes do país. Mercadores construíram a reputação de Osaka para a circulação de bens e serviços, algo que dura até os dias de hoje.

O povo de Osaka é tido como alegre, descontraído e muito bem humorado.

Sabendo isso, alguém pode imaginar que os osaquenses são gente sisuda e que vive para o trabalho. Mas esta é uma definição que passa longe do espírito da cidade e da província. O povo de Osaka é tido como alegre, descontraído e muito bem humorado. Aliás, muitos humoristas e músicos de sucesso são da província, que tem uma vida cultural agitadíssima. A noite de Osaka também não decepciona. Mas nenhuma característica fala mais do povo local do que a paixão pela gastronomia. Come-se muito e bem em várias localidades da província. Veja as dicas para conhecer atrações imperdíveis na sua viagem pela província de Osaka. Vamos nessa?

 

Comendo até cair na capital

Diferente dos toquiotas, mais sérios e formais, os osaquenses são abertos e divertidos.

Qualquer pessoa que segue no Instagram algum brasileiro que vive no Japão vai encontrar ali alguma foto de Osaka. Nossos patrícios adoram a cidade e são muitos os motivos para isso. Diferente dos toquiotas, mais sérios e formais, os osaquenses são abertos e divertidos. São traços de personalidade que se refletem no ambiente. A cidade de Osaka, por exemplo, é barulhenta, colorida e até um pouco caótica. São características que acabam caindo bem aos brasileiros, que costumam ser expansivos.

Aqui fica um dos marcos do bairro, a roda gigante da loja de departamentos Don Quijote

Dotonbori é a epítome do jeito osaquense de ser. Esta zona comercial da cidade é formada por calçadões e atrai milhares de pessoas todos os dias. Nas margens do canal que corta Dotonbori, funcionam restaurantes e alguns deles costumam até ter mesas do lado de fora, o que é pouco comum no Japão. Aqui fica um dos marcos do bairro, a roda gigante da loja de departamentos Don Quijote. Bem, roda é mesmo jeito de falar porque, diferentemente do que conhecemos, em Dotonbori o negócio tem o formato de um retângulo com as bordas curvadas.

Esta não é a única extravagância de Dotonbori. À noite, brilham no canal os luminosos de neon que fazem Osaka parecer uma concepção dos 60 do que seria uma cidade do futuro. No entanto, as luzes escondem um mundo ainda mais interessante, formado por restaurantes que oferecem o melhor da gastronomia popular de Osaka como o okonomiyaki, o kushikatsu, o fugu e, claro, o takoyaki, tão popular no Japão quanto a coxinha. (Veja os boxes.)

A relação dos osaquenses com a comida é intensa. Em Osaka, a expressão kuidaore define. A palavra é formada pelos caracteres para comer (食) e cair (倒) e, portanto, quer dizer “comer até cair”. Num primeiro olhar, a ideia mais clara que a palavra trás é encher o bucho até tombar. Porém, os locais enxergam um significado mais profundo: o de comer ao ponto de gastar todo o dinheiro que se tem. Portanto, se você é do tipo que se aventura gastronomicamente, tenha cuidado com o bolso. São tantas opções de restaurantes e comidas gostosas que mesmo os locais reconhecem que calha de você gastar todo o orçamento da sua viagem em comida, sem ter saído de Osaka.

Ao seu gosto, okonomiyaki

“Okonomi” quer dizer “ao seu gosto” e “yaki”, “grelhado”.

Uma espécie de panqueca super turbinada, o okonimiyaki é um dos pratos assinatura de Osaka. Tão extravagante quanto a cidade em si, o prato esconde uma origem humilde. Popularizado no pós-guerra, a massa quase líquida feita de farinha era uma opção num momento em que o arroz era caro demais ou difícil demais de conseguir. Colocada para cozinhar numa chapa quente, a massa aceita o que você tiver como cobertura. Daí o nome do prato. “Okonomi” quer dizer “ao seu gosto” e “yaki”, “grelhado”. Carnes, vegetais, frutos do mar, tudo orna com a panqueca que leva ainda um molho próprio, adocicado e toneladas de maionese, flocos de bonito katsuobushi e alga nori em tiras e gengibre. Um dos melhores okonomiyaki de Osaka é o Kiji, que fica na área conhecida como Shin-umeda, no entorno das estações centrais de trem da cidade.

Kiji

Osaka-fu Kita-ku Kakudacho 9−20, subsolo do Shin-umeda Shokudogai

https://goo.gl/maps/d8HEMJ3aZB7cUTwx6

 

Espetinho de… tudo

Os espetinhos eram uma forma barata e rápida de comer com satisfação.

Diz-se que o kushikatsu surgiu em Osaka no final dos anos 1920, quando a proprietária de um pequeno restaurante no bairro de Shinsekai começou a oferecer espetinhos de carne empanada, fritos por imersão. Kushi é o palitinho, o espeto; katsu é o empanado. O sucesso veio rápido. Pudera. Também chamados de kushiage (a segunda parte lê-se “ague”, que quer dizer fritura por imersão), os espetinhos eram uma forma barata e rápida de comer com satisfação. Atualmente, os kushikatsu são feitos com qualquer coisa: peixes, verduras, legumes e outros pratos também entram na roda, ou melhor, na panela. Não confunda com o yakitori, o espetinho de frango grelhado no carvão. Localizado no agitado bairro de Namba, a matriz do Sakura é considerada um dos melhores restaurantes de kushiage da cidade.

Sakura – Matriz

Osaka-fu Osaka-shi Chuo-ku Namba Sennichimae 9-12

https://goo.gl/maps/af778KGKnH1RaSRw5

 

Prazer que é risco de vida

Versátil, o peixe pode ser servido cru (como sashimi), frito, empanado e cozido.

O fugu apavora. Esta espécie de baiacu muito popular entre os japoneses possui uma substância potencialmente letal em várias partes de seu corpo. Removê-las corretamente requer conhecimento e prática e, por isso, somente cozinheiros e vendedores licenciados podem manusear o ingrediente. Em Osaka, o peixe é apelidado de “teppo”, uma palavra que significa “arma”, numa brincadeira com o potencial da letalidade do bicho.  No entanto, o sistema de controle funciona. São quase inexistentes os casos de acidentes com carne de fugu e a esmagadora maioria dos que ocorreram nos últimos 20 anos rolaram entre pessoas sem experiência em limpar o peixe que o pescaram e consumiram. Versátil, o peixe pode ser servido cru (como sashimi), frito, empanado e cozido. As ovas também são consumidas e consideradas uma iguaria. Em Osaka, um dos restaurantes de fugu mais conhecidos é o Fugutenjin.

Fugutenjin

Osaka-fu Osaka-shi Kita-ku Sonezaki 1-7-13

https://goo.gl/maps/2aJxc4jhcynN5qhV8

 

“Coxinha” de polvo

Se nós amamos de paixão as coxinhas de galinha, os osaquenses nutrem o mesmo sentimento pelo takoyaki. Ambos têm características em comum, são bolinhos com recheio e são extremamente populares. As comparações param aí. O takoyaki é feito com uma massa líquida que fica bem mais leve que a da coxinha. O recheio é de polvo, um animal não muito popular entre os brasileiros. Também, o takoyaki é grelhado em um utensílio próprio, que tem o mesmo princípio de uma torradeira só que com compartimentos em formato de meia lua no qual vários bolinhos são produzidos ao mesmo tempo. Aliás, ver o preparo do takoyaki já é uma experiência em si mesmo. Encontrar um bom lugar para comer o bolinho de polvo em Osaka nem é difícil. Mas se você quiser uma dica, o Tako Tako King tem cinco lojas na cidade. A matriz fica em Shinsaibashi, outro bairro que vale super a pena explorar.

Tako Tako King Matriz

Osaka-fu Osaka-shi Chuo-ku Higashi Shinsaibashi 2-4-25 1o. andar

https://goo.gl/maps/zR4t5LP7gHH2jn9g8

Off-Osaka 

O entorno de Osaka é cheio de cidades de diversos portes e muitas delas têm coisas interessantes para fazer. Veja algumas dicas:

 

Folhas de outono em Minoo

A menos de 30 minutos de trem do centro de Osaka, Minoo é o primeiro refúgio dos osaquenses quando eles estão cansados do caos urbano. Trata-se de um vale florestado com uma trilha que leva a uma cachoeira de cerca de 30 metros de altura. Trilha é modo de falar já que o caminho é bem pavimentado e bastante plano. No outono, quando as folhas das árvores decíduas começam a ficar amareladas ou vermelhas, o local atrai milhares de visitantes. Nesta época do ano, alguns restaurantes locais servem o momiji tempurá. Neste prato, as folhas de carvalho, símbolos do outono, são empanadas e fritas. Outro ponto que merece a visita é o Ryuanji, um belo templo budista no meio do caminho da trilha de 3 km entre a estação e a cachoeira.

Parque Minoo

Estação onde começa a trilha: Minoo, na linha Hankyu Minoo

Entrada franca.

Catacumbas antigas em Sakai

https://goo.gl/maps/cJtmAYC8jzeYW6eh8

 

Estudos indicam que o Daisenryo foi construído para ser a última morada do imperador Nintoku, que reinou no século 6.

Kofun é o nome dado aos túmulos megalíticos dos séculos 3 a 6 da era cristã, encontrados em várias partes do centro e do sul do Japão. A palavra em si significa “túmulo antigo”. A mais impressionante destas catacumbas, que ocupa uma área de quase 3 km de circunferência,  pode ser encontrada em Sakai, uma cidade-dormitório densamente povoada nos subúrbios de Osaka. Visto do alto, o Daisenryo Kofun parece uma ilha em formato de fechadura cercada por um fosso de águas esverdeadas. Estudos indicam que o Daisenryo foi construído para ser a última morada do imperador Nintoku, que reinou no século 6. Indicam porque o espaço é considerado sagrado pela Família Imperial japonesa e entrar na ilha em si não é permitido. Ainda assim, é possível passear na floresta que se formou no entorno do túmulo, além de visitar o Museu Municipal de Sakai, que fica logo em frente e conta a história do local ou o que se sabe de lá. E bem no entorno do museu ficam pelo menos outros quatro sítios arqueológicos.

Daisenryo Kofun – Museu Municipal de Sakai

Osaka-fu Sakai-shi Sakai-ku Mozusekiuncho 2 Chome

https://goo.gl/maps/sJGQhYf3GpUoaBeH7

 

Um festival selvagem

Kishiwada Danijiri Matsuri

Se tem um festival que é a cara de Osaka é o Kishiwada Danijiri Matsuri que rola no mês de setembro, no fim de semana antes do feriado de Reverência aos Idosos. Danjiri são santuários móveis, em formato de carros alegóricos de 14 metros de altura e 400 kg, que circulam levando as divindades para um passeio pela comunidade. Como estamos falando de Osaka, pode levar fé que este não vai ser um passeio monótono. Para fazer as curvas nas estreitas ruas de Kishiwada, os danjiri são puxados em um arranque só pelos jovens rapazes até fazerem a curva num estilo Velozes e Furiosos. E como se já não bastasse em termos de aventura, participantes viajam no teto dos danjiri num passeio que só perde para os dos surfistas de trem que eram populares no Brasil nos anos 1980. Surgido no início do século 18, o festival de Kishiwada é só mais popular entre uma série de eventos com danjiri que rolam na província de Osaka entre setembro e outubro.

Kishiwada Danjiri Matsuri

Data: meados de setembro, no fim de semana anterior ao feriado de Reverência aos idososLocal: a parada dos danjiri rola entre a estação de Kishiwada e o castelo da cidade.

https://goo.gl/maps/zR4t5LP7gHH2jn9g8

 

Conteúdo cedido por JPGuide

Conheça Mie

MIE
A pérola de Kansai

Com boa parte de seu território localizado na costa, Mie é uma província com belas paisagens marinhas. O litoral extremamente recortado forma baías e rias com vistas excepcionais que são exploradas para o lazer e para o turismo. A região conhecida como Ise Shima é uma das mais visitadas da província e compreende as cidades de Ise, Toba, Shima e Minami-ise. Aqui ficam os Santuários de Ise, um complexo xintoísta considerado um dos espaços sagrados mais importantes do Japão. Também é nesta região que é possível conhecer as ama, pescadoras de pérolas que fazem parte das tradições de Mie.


Santuários Sagrados
Chamado em japonês de Ise Jingu, os Santuários de Ise são formados por cerca de 125 espaços sagrados espalhados pela cidade que os abriga, e recebeu deles o nome. Distantes seis quilômetros entre si, o Naiku (Santuário Interior) e o Geku (Santuário Exterior) são os mais importantes.
Dedicado à mais importante divindade do xintoísmo, a deusa Amaterasu, o Naiku guarda uma das relíquias mais valiosas da Família Imperial Japonesa, o Yata no Kagami, considerado símbolo da sabedoria e da verdade. No Japão antigo, espelhos representavam a verdade porque se considerava que eles mostravam exatamente o que estava em sua frente. Pela importância simbólica, o espelho e o espaço onde ele fica guardado, não estão acessíveis ao público.

Kaguraden
Conta-se que até o século 1, a deusa Amaterasu era reverenciada dentro do próprio Palácio Imperial. No entanto, o Imperador Suinin (29 – 70) ordenou à sua filha, a Princesa Yamatohime-no-mikoto, que encontrasse um lugar para construir o templo dedicado à Amaterasu e, por consequência, guardar o espelho sagrado Yata no Kagami. Diz-se que a princesa demorou 20 anos até encontrar o local onde hoje fica o Naiku.
A Ponte de Uji é o ponto de partida para os visitantes que chegam de ônibus a Naiku. Aqui ficam dois portais do tipo torii, feitos com os pilares do antigo santuário que é substituído a cada 20 anos num procedimento chamado de Shikinen Sengu. A ideia por trás dessas reconstruções é mostrar a impermanência e a ciclicidade das coisas.

Espaço sacrossantíssimo, o santuário principal é visto pelo público por detrás de muros de madeira. Assim, a imagem que o visitante tem é apenas do telhado do local que não pode nem ser fotografado. No entanto, os visitantes podem passear pelo parque e fazer rituais como a purificação nas águas do Rio Isuzu.

Entrada do santuário principal
Menos visitado, mas nem por isso de menor importância, o Geku tem uma estrutura semelhante à do Naiku. Os principais espaços são inacessíveis ao público. Porém, é na área do Geku que fica o Museu Sengukan que conta como funciona a reconstrução dos santuários e tem maquetes mostrando como os dois espaços são. A entrada é franca.


Pedras à beira-mar
Não muito distante de onde ficam o Naiku e o Geku está outro espaço sagrado bem conhecido de Mie, as Meoto Iwa, duas pedras no mar unidas por uma grossa corda de cânhamo. As rochas representam um casal e, a corda, a divisão entre o sagrado e o profano. A cada três anos é realizado um ritual no local para troca da corda. Durante o verão, é possível fotografar o sol nascendo entre as duas rochas e, com muita sorte, ainda pegar uma pequena silhueta do Monte Fuji.
Ali na área também fica o Santuário Futami-Okitama, dedicado às diversas divindades e é conhecido pelas inúmeras esculturas de sapos. Chamados “kaeru” em japonês, estes animais são considerados de sorte por trazerem de volta coisas que perdemos. “Kaeru” também é a forma de se dizer “voltar” em japonês. Outro santuário próximo é o Ryugu, dedicado ao deus dragão dos mares.


Ainda nas redondezas, o Hinjitsukan é um museu construído numa antiga estalagem de alto luxo voltada para fiéis que viessem à peregrinação dos Santuários de Ise. Construído em madeira em apenas três meses no ano 1887, o edifício teve como seus primeiros hóspedes os membros da família imperial. Apesar de ser uma construção com vários aspectos tradicionais japoneses, o Hinjitsukan tem quartos com mobília ocidental, mostrando as mudanças que o Japão vinha vivenciando na época de sua construção. No teto, construído no estilo Momoyama com belos adornos, candelabros à moda europeia completam a decoração. Soberbo, o jardim é outro espaço que vale a visita.

Pescadoras de pérolas
Mie é conhecida internacionalmente pela produção de pérolas. Produzidas naturalmente por ostras, estas gemas são formadas a partir de uma irritação dentro do molusco. Objetos estranhos que adentram o corpo destes animais marinhos são envoltos em naca como forma de neutralizar sua ação infecciosa. Descobertas, foram transformadas em adornos e, dependendo de sua qualidade, podem custar alguns milhares de dólares quando usadas em joalheria.


Em Mie, a produção de pérolas começou a se desenvolver no século 19 quando o empresário Mikimoto Kokichi, influenciado pelas experiências de ver mergulhadoras profissionais trazerem para superfície ostras com suas pérolas. Mikimoto usou o conhecimento dessas mulheres, chamadas em japonês de “ama”, para desenvolver uma rentável indústria.

Vendo os defeitos das pérolas naturais, Mikimoto ficou obcecado em criar formas de produzir pérolas perfeitas. Assim, começou a pesquisar um método de produção artificial de pérolas na baía de Ago. Seu trabalho começou a gerar uma demanda cada vez maior de amas que, até então, tinham como atividade principal a pesca de frutos do mar para consumo.


Com o tempo e a conjunção com outras técnicas, Mikimoto tornou seu negócio rentável e as pérolas que levam o seu nome são uma marca de valor internacional. A história da empresa pode ser conhecida na Mikimoto Shinjujima, a Ilha das Pérolas de Mikimoto, localizada em Toba. Ali fica o Mikimoto Kokichi Memorial Hall, que conta a história do homem, e o Museu das Pérolas, falando sobre a produção dessas gemas. Performances com as mergulhadoras também podem ser vistas no local.

Shinjushima
A história das amas, no entanto, vai muito além das pérolas. Registros da atividade de mergulho feito por mulheres datam de até 2 mil anos. Com técnica e disciplina, as amas atravessaram os séculos coletando frutos do mar em várias regiões do Japão através do mergulho livre. Na região, existe um ditado que diz que “uma ama de sucesso é capaz de alimentar até o marido”.
Ao longo da história, as mergulhadoras criaram toda uma cultura em torno de sua atividade na costa de Mie. Com melhores condições de trabalho, as técnicas desenvolvidas pelas amas estão caindo em desuso. Mas ainda há algumas em atividade e é possível conhecer suas tradições através de atividades turísticas em Toba.


Osatsu é uma vila de pescadores que fica a 45 minutos do centro de Toba. É a região da cidade em que vive a maior concentração de amas de Mie. Aqui fica o Museu da Cultura das Amas de Osatsu, um espaço gratuito onde se pode aprender mais sobre a cultura dessas mergulhadoras. No local, estão em exposição fotos, relíquias e objetos relacionados ao trabalho das amas.
O sagrado também faz parte da vida das amas. Envolvidas em um trabalho perigoso mesmo para os dias de hoje, as mergulhadoras depositam sua fé na deusa Tamayori-hime, filha do deus dragão-do-mar Watatsumi. Elas cobrem seus objetos de trabalho com um símbolo chamado “doman-seman”. O Santuário Shimei é onde as amas de Osatsu vêm fazer suas preces, agradecendo pelo retorno seguro do mar. A deusa Tamayori-hime também é conhecida por abençoar e atender os pedidos de outras mulheres.

Outra possibilidade de conhecer melhor a atividade das amas é visitar um dos vários kamado que existem em Osatsu. Kamado são cabanas construídas pelas amas como espaço de descanso e socialização. Atualmente, muitos desses locais são usados para experiências gastronômicas e culturais com as mergulhadoras. Nos kamado é possível comer os frutos do mar pescados pelas próprias amas e bater um papo com elas para conhecer melhor a atividade. Em geral, as visitas aos kamado devem ser reservadas com antecedência.

Santuários de Ise – Naiku
Mie-ken Ise-shi Ujitachicho 1
Das 5 às 18 horas.
Entrada franca.
https://goo.gl/maps/RH1qMgDYSoFACvey7

Santuários de Ise – Geku
Mie-ken Ise-shi Toyokawacho 279
Das 5 às 18 horas.
Entrada franca.
https://goo.gl/maps/KHCmtanhttrGizMp8

Meoto Iwa, Santuário Futami-Okitama e
Santuário Ryugu
Mie-ken Ise-shi Futamichoe 575
Entrada franca.
https://goo.gl/maps/6bQdPGhhLcfd9FpD9

Hinjitukan
Mie-ken Ise-shi Futamichochaya 566-2
Das 9 às 16:30 (fechado às terças-feiras ou
no dia seguinte, caso terça seja feriado).
Valor: ¥310.
https://goo.gl/maps/EnMbfVTuHyMTCSwV6

Mikimoto Shinjujima e Museu de Pérolas
Mie-ken Toba-shi Toba 1-7
Das 9 às 17 horas (museu).
Valor: ¥1650 (adultos), ¥820 (crianças de ensino
fundamental).
https://goo.gl/maps/ZsmD1hQFGoRieFv7A

Osatsu Ama Culture Museum
Mie-ken Toba-shi Osatsucho 1238
Das 9 às 17 horas.
Entrada franca.
https://goo.gl/maps/a2Xw4GTnYrmu16B9A

Santuário Shinmei
Mie-ken Toba-shi Osatsucho 1385
Entrada franca.
https://goo.gl/maps/MYC7kwvUoYSitJZYA

Osatsu Kamado Mae no Hama
Mie-ken Toba-shi Mae no Hama
0599-33-7453
https://osatsu.org/en/
Horário de funcionamento não disponível.
Reserva obrigatória.
https://goo.gl/maps/g9aSA3rqGr3VJYMQ7

Osatsu Kamado Ozego
Mie-ken Toba-shi Osatucho
0599-33-7453
https://osatsu.org/en/
Das 11:30 às 13:30.
Reserva recomendada.
https://goo.gl/maps/sbr9TMCnV4yNa6xj6

Matéria cedida por: JPGuide